Cia dos Outros apresenta

Cia dos Outros apresenta
intrigas, acidentes e baixarias em grande estilo

domingo, 18 de outubro de 2009

corra como um coelho -o filme!!!

E assim começa o espetáculo CORRA COMO UM COELHO

captação de imagem Gabriel Godoy e Daniel Godoy. ediçaõ e Montagem, André Moreira, música Pedro Cameron e Marcelo Sousa

divirtam-se!!!

http://www.youtube.com/watch?v=dZ3Z8x5uRR0

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Crítica "Corra Como um Coelho" - FESTIVALE 2009

A edição de viver: sentidos do descontrole em cena
Por Valmir Santos*

Em plena ditadura da acumulação – poupar, lucrar, comprar -, a Companhia dos Outros propõe uma paródia ferina e bem humorada dos tempos que correm. Os jovens criadores egressos dos palcos/laboratórios da USP parecem promover uma reciclagem daquilo tudo que, em tese, seria descartado em cena. Antes, a hipérbole é o veículo de linguagem para uma dilatação narrativa que dá de ombros e faz do dissenso a nova desordem.

Com os primeiros resultados da pesquisa apresentados no final de 2008, sob orientação dos professores Antônio Araújo (diretor do Teatro da Vertigem) e José Fernando Azevedo (do Teatro de Narradores), “Corra Como um Coelho” dispõe figuras e situações pelo avesso, de ponta-cabeça, distorcidas e ainda assim plausíveis na sua síncope do cotidiano febril de quem vive nos grandes centros urbanos. Sob o império da fragmentação/reiteração dramatúrgica, as interpretações e o espaço cênico evidenciam esse desmanche de sentimentos em relação ao outro, afetos e desafetos tênues.

Uma moça clonada dos escritos de Dorothy Parker, fatal em vestido vermelho, e dois estranhos rapazes, um deles forasteiro no pedaço – a sugerir um vetusto e kitsch salão palaciano -, relacionam-se como se cada um mantivesse resguardo em uma bolha.

É do choque dessas ilhas que se esboça um fiapo de enredo estilhaçado, mediado pelos tipos carismáticos do trio de atores e suas interfaces aos borbotões precipitadas sobre o espectador instado à excitação frenética dos corpos, palavras e imagens de impacto poético bastante raro e estranho.

Essas sequências aparentemente desconexas, num primeiro momento, evoluem para uma trama segundo a construção de cada espectador, que pode ver ali um triângulo amoroso corroborado por uma típica cena de piquenique nas comédias românticas do cinema, apesar de dissolvida por uma pancadaria ou outra.

Dois homens espancam-se por uma musa equidistante ou pela disputa de território, sabe-se lá. Tudo é muito visceral, a começar pela luta de Pedro Cameron e Tomás Decina, um embate físico que às vezes parece fugir completamente ao controle de quem está sob o palco e, tentamos acreditar, deveria transmitir mais domínio diante da platéia, absorta.

Mas domínio e equilíbrio são imagens que passam ao largo. O diálogo é outro, feito de ruídos, estranhamentos, inversões de todos os vetores, como antevemos desde o saguão de entrada no vídeo em que os próprios atores disparam pelas ruas da urbe num documentário disfarçado de ficção, ou ao contrário.

Idem para a moça rodopiante de Carolina Bianchi, sua beleza estonteante, tresloucada em melancolia agridoce, a tendência suicida de araque, o masoquismo atávico de quem gosta de pensar que é apenas um tapete de urso, encorpando a voz ficcional de Dorothy Parker.

Estamos diante de um teatro em que a idiotice se intromete como material poético, uma licença algo absurda. A metalinguagem do programa de auditório, do show da vida diante da claque, não quer dizer apenas instrumentalização para a crítica à sociedade liquefeita. Antes, a diretora Fernanda Camargo e a equipe com quem trabalhou em colaboração se apropriam dessas raias da arte (o teatro, a dança, o cinema, a televisão, a literatura, as artes visuais, a música) e constroem sentidos os mais díspares nesse modus operandi que não deixa de ser, em si, um exercício obsessivo de acumulação até o limite da saturação.

Aquela saturação que, findo o espetáculo, nos acompanha de perto com a sensação coeditada de que há um “delay” entre a velocidade lá fora, por meio da qual somos abduzidos na irrealidade cotidiana, feito um clipe, e o descompasso com os porquês que efetivamente nos movem, mas nos vemos estanques. Uma sedução crepuscular entre o que é paisagem humana e o que não é.

Em seus jogos e joguetes tragicômicos que lembram algo da dramaturgia e da encenação do argentino Rafael Spregelburd e seu grupo El Patrón Vazquez, a Companhia dos Outros concebe um rizoma próprio que lhe permite flutuar por camadas tão delicadas e ao mesmo tempo perigosas diante da voragem desse “Corra como um Coelho”. Felizmente, a mediação teatral é mantida à espreita, indevassável, sem sucumbir ao índex pós-moderno para fazer pose de. Antes, nos faz envolve com o embaralhar de códigos e instiga a meditar sobre a urgência do desaceleramento de cuca para se ir mais longe.



*Jornalista, autor de históricos de coletivos de Teatro como Armazém Companhia de Teatro, Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, Parlapatões, Patifes & Paspalhões e Grupo XIX de Teatro. Integra o júri paulista do Prêmio Shell de Teatro. Mestrando na USP. Foi repórter do jornal Folha de S.Paulo (1998-2008).

sábado, 10 de outubro de 2009

Funarte 2009 - prêmio Myrian Muniz

Hora de colher bons resultados de tanto trabalho!
Corra Como um Coelho ganhou o Myrian Muniz!!!
O projeto criado pela Cia. dos Outros prevê a apresentação do espetáculo em 5 cidades do país: Porto Alegre, Curitiba, Campinas, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Um nova fase de trabalho se anuncia. Estamos todos muito felizes com mais essa conquista! Logo logo os preparativos das viagens vão começar...
Bom que isso aconteça assim, no calor da estréia no Sesc... aí o espetáculo amadurece, os pontos da pesquisa se definem cada vez mais e o grupo se abasteçe de fôlego para o próximo espetáculo...que já está começando a querer tomar forma!
Sim! novos projetos a vista!!! Aguardem!


Carolina Bianchi recebe telefonema da Funarte... sem palavras

terça-feira, 22 de setembro de 2009

E dá-lhe motivos pra Comemorar

Fernanda está indo para França nessa semana, não estará conosco na estréia do SESC av. Paulista em Outubro... que estranho isso né? Mas tudo bem, nada que uma boa festa não ajude a entender! O que não nos falta é motivo pra comemorar! Obrigado a todos os amigos que vieram!!! Descumpem-nos os que não ficaram sabendo... foi tudo planejado de um dia pro outro, ninguém sabia no que ia dar, mas aguardem, que tem mais de onde veio essa!

o bigode do Corra... me fazendo um latin lover!!!




Carolina Bianchi lança raios pelo evento


drinks coloridos...


e muito brilho...


... por todos os lados, tipo natal! háháhá

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Crítica "Corra como um Coelho" por Gabriela Mellão - FENTEPP

Corra Como um Coelho expõe no palco o insólito que se instaurou na vida cotidiana do homem contemporâneo
Por Gabriela Mellão

O homem da contemporaneidade perdeu as particularidades que faziam dele um ser único e insubstituível. De tanto ser bombardeado pelos valores distorcidos de sua cultura, desumanizou-se. Está muito ocupado com suas obrigações para investir em a si próprio. Precisa arrumar uma maneira de ser feliz, de ter dinheiro, ser popular, estar em forma, realizar-se profissionalmente, fazer o bem para a sociedade, constituir família, plantar árvores, ser generoso e se divertir. A lista infinita de cobranças desviam-no de sua essência, abrindo espaço para o insólito se instaurar na loucura deste viver. E assim, quase naturalmente, o absurdo se impõe na vida cotidiana.

O espetáculo Corra como um Coelho, da cia. dos Outros, expõe no palco o que há de surrealista no dia-a-dia das relações humanas da atualidade. A peça acontece num casa estranha, habitada por bichos empalhados, móveis obsoletos e 3 personagens que parecem estar ali por obra do acaso: uma mulher automatizada com tendências suicidas e dois homens infantilizados – um se dedica a contar histórias sem nenhuma importância, o outro é um vaqueiro bastante particular, usa roupa apertada, tem tique no rosto e samba no pé. Os três são ridículos, surgem em aparições absurdas, proclamam discursos medíocres ou limitam-se a executar silenciosamente suas inexplicáveis ações.

Corra como um Coelho faz um retrato paródico da sociedade de hoje, composta por pessoas que fogem do ato de refletir. Ocupam-se com qualquer coisa. Empanturram-se de atividades insignificantes ou investem no poder verborrágico da fala. Alguns o fazem de maneira consciente, outros inconscientemente. Todos se entopem de ações ou palavras, compartilhando da mesma busca desesperada de preencher vazios existenciais.

O espetáculo criado em 2008 contou com a orientação do diretor do Teatro da Vertigem de Antonio Araújo, professor da ECA e com José Fernando de Azevedo, outro professor que é também dramaturgo e diretor da Cia. Teatro de Narradores (cujo espetáculo Casa de Bonecas, adaptação da obra homônima de Henrik Ibsen, será apresentado dia 25 no Fentepp). Além de buscar inspiração no absurdo do mundo real, o grupo se serviu do clima surrealista dos filmes de David Lynch, do non sense da obra de Lewis Carrol, dos contos de humor negro da escritora Dorothy Parker, da estrutura do cinema mudo e das minisséries americanas.

Como conseqüência a essas múltiplas referências, Corra como um Coelho experimenta vários caminhos estéticos e temáticos, sem se fechar em nenhum. A confusão é intencional e gera questionamentos permanentes no espectador. Ele se pergunta o que realmente se passa em cena, como é possível existir uma peça sem lógica alguma e quem são os três personagens, os quais, desafiando padrões do teatro tradicional e da vida, surgem no palco, desaparecem e depois voltam a aparecer. Eles dançam e cantam músicas de diversos estilos. Atiram, são baleados, morrem e ressuscitam. Com champagne, também matam a sede de seus bichos empalhados e esquecem suas frustrações.

A comédia Corra como um Coelho tem a qualidade rara de combinar humor e reflexão. Sua trama faz mais do que divertir, tem o poder de inquietar sua platéia, convidando-a a eliminar idéias pré-concebidas sobre a arte do palco e do existir.



Gabriela Mellão é jornalista, crítica de teatro e dramaturga. Pós-graduada em Jornalismo Cultural na PUC, estudou Cultura e Civilização Francesa na Sorbonne, em Paris e Dramaturgia e História do Teatro Moderno em Harvard, Boston. Já escreveu para os principais jornais do país como Estado de São Paulo e Jornal da Tarde. Atualmente é colaboradora da Revista Bravo!, na qual faz críticas e reportagens, e da Folha de S. Paulo. Na área acadêmica, leciona a disciplina Teoria de Crítica Teatral para o curso de Jornalismo Cultural da Pós-Graduação da FAAP.


Fonte: Assessoria de Imprensa do FENTEPP - Festival Nacional de Teatro de Presidente Prudente

Crítica "Corra como um Coelho" por Alexandre Mate - FESTIVALE

O SIMULACRO SATÍRICO DE CORRA COMO UM COELHO TEM COMO
GRANDE TRUNFO A TRINCA DOS EXCELENTES ATORES-CRIADORES

Ao adentrar na platéia do Teatro Municipal de São José dos Campos, com o cenário já iluminado, o espectador tende a levar um choque: em cena um grande cenário de gabinete. Construção rara nos dias de hoje, sobretudo por conta de ásperos serem os tempos que nos é dado viver... Parte da grana que entra para o grupo, e que provavelmente, não deve ser muita deve destinar-se ao transporte do material de cena.
Ao deparar-se com aquele material cenográfico – e é inevitável – a imaginação corre solta, criando hipóteses de que, provavelmente, o que se assistirá deva corresponder a um drama clássico. Antes de o espetáculo começar, vê-se uma mulher caída em cena. Duas pistas: o cenário naturalista e a mulher, vestida de vermelho, caída. O foco encontra-se na cena, mas o espectador é surpreendido por dois atores que, aparentemente bêbados, irrompem da plateia. No palco, os dois atores digladiam-se por meio de trombadas. Naquele cenário e com os figurinos realistas alguma coisa afigura-se fora de foco... Primeiro desmonte das hipóteses iniciais. A falta de sincronia entre as partes, àquela altura, remetia ao título da obra...
Levantada do chão, a mulher de vermelho e de cabelo à la Chanel, começa a falar. Fala confusa, repetitiva, sem revelar algo de si ou daquele contexto.

A atriz Carolina Bianchi é fantástica, compõe sua personagem de modo tão excêntrico (abrigando a duplicidade compreendida entre o inusitado comportamental e a tipologia de palhaço), que ao cabo de pouco tempo, parece desnecessário saber quem ela representa. O carisma e domínio da atriz intentam o jogo e a percepção segundo a qual, parafraseando verso de música: se verá que tudo é mentira. A mulher de vermelho não é personagem, é uma figura. Do mesmo modo os dois “trombetantes-atores”, também não são personagens, são figuras lúdicas. Ao se formular tal hipótese, desmontando todas as outras, o espetáculo se redimensiona, transforma-se em jogo de advinha...

Do estoicismo das pistas iniciais o espetáculo (construído, intuído em nossa cabeça) migra para o reinado do hedonismo e do prazer da diversão, do entretenimento. Trata-se de um exercício de entretenimento contando com a verve dos três intérpretes. Divorciado de outras preocupações, o espetáculo escorre como água para chocolate. Não há o que entender, mas o que se permitir.

No jogo instituído pelos atores e pela diretora Fernanda Camargo, ocorre um jogo sem que se saiba (e passa a não importar) como as peças se movimentam. Sabe-se que essas peças-figuras têm uma lógica não cartesiana, que se apresentam a partir de solos (corporais e falados, corporais, ou falados...) e que suas intervenções, pautadas pela experimentação performática assemelham-se enormemente nos chamados números de cortina do (pouco conhecido) teatro de revista.

Na obra, para além dos mencionados filme de David Lynch, Lewis Carrol, Dorothy Parker, pode-se perceber a suicida do filme Delicatessen (1991), de Dona Zero, personagem criada por Elmer Rice para o texto A máquina de somar (1922-23) e tantos outros efeitos-imagens que formam a colcha de retalhos que caracteriza a obra.
Do ponto de vista dramatúrgico, é bastante provável que a partitura do espetáculo seja fechada, mas os atores, por sua capacidade de jogo, conseguem transcendê-la e quase dar a entender que improvisam a todo o momento. Nesse particular, o mérito é da diretora e dos três intérpretes.

Alexandre Mate*
(17 de setembro de 2009, com a certeza de que é preciso cantar)
 
*doutor em História Social (FFLCH-USP). Professor de História do Teatro e da Literatura Dramática no Instituto de Artes da Unesp e da Escola Livre de Teatro de Santo André. Pesquisador de teatro e participante do Núcleo Nacional de Pesquisadores de Teatro de Rua

Corra como um Coelho, de 07 a 29 de Outubro no SESC Av. Paulista, quartas e quintas 21h





Foto de Maria Tuca Fanchin e Cia. dos Outros


A pesquisa de imagens da Cia dos Outros é feita aqui em parceria com a fotógrafa e atriz maria Tuca Fanchin.




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